Experiências Antropológicas I

Eu adoro dançar!!! Não sei como as pessoas conseguem viver sem o prazer da dança! Até pouco tempo atrás, me contentava em dançar sozinha em boates, raves, sambas... Até que fui picada pelo mosquito da dança de salão e descobri um mundo novo! Novo mesmo! Engana-se quem acha que isso é coisa de velho!

Vou contar minha triste trajetória de sábado passado... Fui convidada pra uma festa de aniversário numa boate nova aqui em Niterói. Esses lugares costumam ser infestados por duas espécies de microorganismos patogênicos: as bactérias Piriguetenses jovenetis e Playboyzis retardadus. Essas espécies sempre me causaram extrema irritação, seja pelo fato de não pensarem (são bactérias, né...) ou, sei lá, por existirem! Infelizmente, essas bactérias são extremamente resistentes, vide que sua multiplicação parece ser rápida mesmo frente à pressão seletiva ocasionada por problemas de ordem financeira. Talvez por isso elas sejam tão esmirradinhas... deixam de comer para vestir!

Mas lá fui eu!! Sou amiga até debaixo d'água!! Não esquento com programa de índio, aliás até que alguns são verdadeiras experiências antropológicas. Sem falar que levo a vida segundo a teoria de que "tudo é experiência de vida", se bem-sucedida ou não, não importa, o importante é tirar algo de positivo!

Coloquei meu disfarce de bactéria: vestido, bolsa e sapatos lindos! E um colar de pérolas legítimas de alguma fábrica de "prástico" de fundo de quintal! Sim, gente, óbvio que tenho roupas pra frequentar esses lugares! Mulher é mulher, tem que estar previnida pra qualquer situação! Nessa última chuva que alagou o Rio, vi a necesidade de adquirir um escafandro, que ainda não existe no meu guarda-roupas! Mesmo que tenhamos sido avisados por Chico Buarque de Nostradamus: "e quem sabe então o Rio será alguma cidade submersa, os escafandristas virão..." ninguém havia adquirido o seu ainda!

           
Adentrei-me ao recinto da festa e logo vejo um grupo de bactéria me olhando de cima a baixo. Com certeza reconheceram que eu era uma bactéria diferente... por isso, imediatamente fiz pose a la Gisele Bündchen, mandei no carão e saí pela pista à procura de socorro no meu grupo diferenciado! Felizmente achei rápido, o lugar era minúsculo!

           
Começou a encher, tentativa de conversa vai, tentativa vem, já que o som era ensurdecedor, mas até que a música estava agradável! Reconheci algumas, tipo: R.E. M...e nem entendi como estavam tocando essas "novidades"! Aí me animei, comecei a dançar e cantar!!! uhhuuuullll... Pelo menos as músicas eram da minha idade! Até que percebi que quase ninguém cantava!!! o-oh... Havia acabado de assinar meu atestado de véia!! Parei de cantar e fiquei só na dança, basicamente só eu dançando mesmo! Pelo menos tinha que valer o preço que estava pagando pra estar ali!

Fui ao banheiro e, lá, abordada por uma subespécie da Piriguetenses jovenetis, a Piriguetenses jovenetis efusivensis! Quase perguntei se o sapato dela estava quente, porque ela falava e pulava! Coisa estranha...

Depois dessa incursão pelo banheiro, voltei pra pista. Aí sim que não entendi naaaaada! Tocaram de tudo e mais um pouco naquele lugar! Axé, sertanejo, forró, funk, rock, pop... Sem falar no grupo que se formou em frente ao pequeno palco dançando a la Jardim de Infância!! Imaginem uma criança de 2-3 anos dançando, era parecido com isso!!!

Como meus pés já não colaboravam mais com meu bom humor e meus ouvidos sendo atacados por axé, sertanejo e funk, tive a certeza de que era hora de ir embora! Me despedi e fui! Ahhh, claro que tirei várias fotos com sorrisão!! Afinal, "uma imagem vale mais do que mil palavras", não é!?!?

Experiência aprendida: ir a lugar desses decidida a não beber é idiotice!!